quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A nova ameaça norte-coreana

O governo da Coreia do Norte confirmou no dia 25 de maio de 2009 ter realizado uma explosão nuclear subterrânea como parte do desenvolvimento de seu programa nuclear. A reação da comunidade internacional foi imediata, condenando o teste. A questão é delicada na geopolítica asiática, mas importa também para o xadrez mundial, envolvendo disputas e alianças de outras nações, como Estados Unidos, Rússia e China. Entenda o que está em jogo, e de que lado se colocam as principais potências.
1. É a primeira vez que a Coreia do Norte realiza um teste nuclear?
Não. Em 2006, o ditador Kim Jong-il autorizou um teste secreto de sua primeira bomba nuclear. A ação também foi condenada pela comunidade internacional e desaguou em sanções aos norte-coreanos pelo Conselho de Segurança da ONU - que determinou a encerramento das atividades nucleares no país e proibiu o comercio de armas bélicas e de destruição em massa.


2. Qual é a capacidade de destruição das armas nucleares da Coreia do Norte?
Apesar do aparente desenvolvimento da tecnologia nuclear norte-coreana, ainda não se sabe ao certo o alcance e a capacidade dos mísseis do país. No entanto, uma declaração do diretor da Agência de Energia Atômica da ONU, Mohamed ElBaradei, em abril de 2009, afirmando que a Coreia do Norte possuía armas nucleares e que a comunidade internacional teria de enfrentar essa realidade, derrubou a teoria de que os norte-coreanos não possuem condições de criar mísseis atômicos.


3. Quais as intenções da Coreia do Norte com esses testes?
Analistas do cenário internacional acreditam que, uma vez comprovada a capacidade do país de produzir armamento nuclear, o ditador Kim Jong-il usará seu arsenal como estratégia de negociação com os Estados Unidos. Ele pretenderia, assim, forçar um acordo e derrubar as sanções econômicas impostas a Pyongyang pela ONU em 2006.


4. Por que a questão desperta tanto interesse?
Desde a divisão da península coreana em dois países, as duas Coréias encontram-se tecnicamente em guerra, uma vez que nenhum tratado de paz foi assinado após o conflito entre as nações - ocorrido entre 1950 e 1953. Devido a questões históricas, ao desrespeito ao direito internacional e aos arroubos militares do ditador Kim Jong-il, a Coreia do Norte é vista com desconfiança pelos países vizinhos (Coreia do Sul, Japão e Taiwan) - que podem se ver forçados a iniciar uma corrida armamentista naquela região da Ásia.


5. Qual foi a reação da comunidade internacional aos testes?
O Conselho de Segurança da ONU decidiu, por unanimidade, condenar o teste. O órgão, no entanto, ainda não chegou a impor novas punições concretas ao país, apesar das pressões dos Estados Unidos e da França. Após uma reunião de emergência, os estados-membros concluíram que o ato violou a Resolução 1.718 do Conselho e prometeram trabalhar em uma nova resolução sobre a questão. O órgão voltou a exigir que Pyongyang cumpra as resoluções anteriores, que proíbem o país de fazer testes nucleares e determinam o retorno às negociações diplomáticas com a Coreia do Sul, Japão, EUA, Rússia e China.


6. E a reação da China, tradicional aliada da Coreia do Norte?
Apesar da primeira condenação formal da China contra Pyongyang sobre os testes nucleares, é pouco provável que Pequim aceite novas medidas mais duras contra o seu vizinho, além das sanções já estabelecidas pela ONU em 2006. A Rússia também é outro aliado com voto no Conselho de Segurança da ONU que deverá seguir a China. Analistas apostam que Pequim atua como escudo da Coreia do Norte em proveito próprio: pretenderia assim evitar a derrocada final da já combalida ditadura de Pyongyang, o que, no cálculo chinês, poderia desaguar na reunificação das duas Coreias sob um regime democrático e capitalista. De acordo com essa mesma análise, a reunificação colocaria um aliado dos EUA às portas da China.


7. Como reagiu o governo Obama, que prometera reabrir o diálogo com os norte-coreanos?
Os Estados Unidos defenderam medidas severas contra a Coreia do Norte. O presidente Barack Obama pediu uma reação da comunidade internacional, alegando que os testes são uma "grave preocupação para todas as nações". "As tentativas da Coreia do Norte de desenvolver armas nucleares, bem como seu programa de mísseis balísticos, constituem uma ameaça à paz e à segurança internacionais", disse Obama em comunicado.




9. Quais são as nações que já possuem armas nucleares?
Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido, Índia, Ucrânia e Paquistão são os únicos países que possuem armas nucleares em grande escala. Embora não confirme, Israel já deu indicações de que possui arsenal também.